Você como quase todas as pessoas estão percebendo como a economia brasileira está passando por “uma grande bolha inflacionária ambulante”. Alimentos, combustíveis e vários outros bens de consumo estão com preços cada vez mais carros, sem falar que se você quiser fazer alguma compra financiada com o atual cenário de juros… é difícil, quase que impossível pela alta taxa de juros atrelada do aumento da taxa Selic. O apoio maciço à política fiscal e monetária no início da pandemia reforçou a renda das famílias, apesar das grandes quedas do PIB. Este aumento de renda abriu o caminho para que os gastos se recuperassem, mas também se traduziram em maiores empréstimos. Nesse conteúdo vamos falar um pouco do cenário macro econômico mundial e o que está acontecendo para cada vez mais economistas verem como iminente a chegada de uma recessão financeira global.
“Para muitos países, será difícil evitar uma recessão”, escreveu o presidente do Banco Mundial, David Malpass, no dia 7 de junho. A mensagem foi na mesma linha de outros órgãos internacionais, como a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que afirmou na segunda-feira (13) que espera uma forte desaceleração da economia global em 2022. No Fórum Econômico Mundial, Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), também não descartou uma recessão global.
Os alertas acontecem em um momento de persistência de inflação alta na maior parte do mundo, com tendência de aperto monetário em diversos países. A desaceleração da China também aparece como ameaça. E a guerra na Ucrânia segue como fator importante no cenário mundial. As principais bolsas de valores pelo mundo têm registrado quedas frente às perspectivas negativas.
Os especialistas estão cada vez mais convencidos de que a economia caminha para uma recessão global que provavelmente acontecerá no próximo ano.
Inflação recorde a nível mundial, taxas de juros crescentes, atividade econômica instável e mercados voláteis aumentaram a probabilidade de que grandes economias, inclusive a dos Estados Unidos, entrem em recessão em 2023.
A injeção de estímulos econômicos durante a pandemia, os gargalos nas cadeias de suprimentos decorrentes das restrições na China e a invasão da Ucrânia pela Rússia, entre outros fatores, levaram a inflação mundial a níveis não vistos em décadas.
Nos Estados Unidos a taxa de inflação está em 8,6%, a maior nos últimos 40 anos.
Aqui no Brasil, o IPCA está em 11,73% no acumulado dos últimos 12 meses.
O desafio inflacionário é grande em vários países do mundo.
Para contê-la, os bancos centrais aumentam as taxas de juros. O problema é que juros mais altos podem levar a uma desaceleração da economia.
Os mercados já refletem a pouca fé dos investidores no que vem pela frente.
Entrar em recessão tem consequências amargas como colapso financeiro, fechamento de negócios, perdas massivas de empregos e falência.
Sete em cada 10 economistas nos Estados Unidos acreditam que isso acontecerá neste ou no próximo ano, de acordo com pesquisa recente do jornal britânico Financial Times e da Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago (EUA).
O que é uma recessão global?
Uma recessão é definida como dois trimestres consecutivos de declínio significativo na atividade econômica que se traduz em queda do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços).
Com juros aumentando dentro de uma economia com alto endividamento é natural que você tenha queda no nível da produção, aumento do número de falências, maior desemprego, queda na renda familiar e, consequentemente, um declínio da atividade econômica do país.
O que está acontecendo no mundo?
O mundo ainda vive resquícios da crise do Coronavírus que abalou as economias a nível global e as consequências dos estímulos econômicos.
Em primeiro lugar, a recuperação da recessão do Covid tem sido extraordinariamente rápida.
O apoio maciço à política fiscal e monetária no início da pandemia reforçou a renda das famílias, apesar das grandes quedas do PIB.
Este aumento de renda abriu o caminho para que os gastos se recuperassem, mas também se traduziram em maiores empréstimos.
Com muito dinheiro, vimos movimentos inflacionários em vários países.
Depois ainda vieram as variantes que cortaram os gastos do consumidor. Assim que a expansão recomeçou, a guerra na Ucrânia deu mais um golpe.
As previsões de crescimento do PIB para 2022 foram marcadas para baixo, particularmente para os países mais afetados pelo conflito e a inflação ampliou-se progressivamente.
No início de 2022, o crescimento dos preços dos serviços superou o nível pré-pandemia em grande parte do mundo, segundo o relatório anual do Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Depois de muito tempo dizendo que a inflação era algo temporário, o FED assumiu uma postura mais dura, dizendo que vai subir os juros o quanto for necessário para controlar a inflação, que é a mais alta no país nos últimos 40 anos.
O Federal Reserve dos EUA elevou as taxas de juros em 0,75%, seu maior aumento desde 1994.
Bancos Centrais de todo o mundo também apresentam planos agressivos para aumentar as taxas de juros.
No Brasil, a Selic deve permanecer acima dos 13% ao ano por um bom tempo.
Com esse aperto monetário no mundo inteiro, é difícil imaginar que a inflação volte à meta sem que haja uma redução razoável no Produto Interno Bruto (PIB).
Por isso, o sentimento está cada vez mais pessimista entre os líderes empresariais.
O Goldman Sachs previu uma chance de 30% de a economia dos EUA entrar em recessão no próximo ano, acima dos 15% anteriores.
Economistas do Bank of America Global Research também reduziram sua previsão de crescimento nos EUA, prevendo agora uma chance de 40% de recessão no próximo ano.
Enquanto isso, estrategistas do JPMorgan são ainda mais pessimistas, apontando para uma chance de 85% de recessão.
De acordo com pesquisa recente do jornal britânico Financial Times e da Escola de Negócios Booth da Universidade de Chicago (EUA), 7 em cada 10 economistas nos Estados Unidos acreditam que a recessão acontecerá neste ou no próximo ano.
Líderes empresariais também esperam tempos desafiadores à frente.
De acordo com uma pesquisa do Conference Board 60% dos CEOs em todo o mundo acredita que sua região geográfica entrará em recessão até o final de 2023.
Cerca de 15% dizem acreditar que sua região já entrou em recessão.
Isso tudo reflete no mercado financeiro.
Dá para evitar a recessão em 2023?
Para os estrategistas do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o retorno econômico pós-pandemia criou uma situação “historicamente sem precedentes”.
“A recessão do COVID e a expansão subsequente… levou a pressões inflacionárias mais altas ao lado de vulnerabilidades financeiras elevadas”, diz o relatório anual.
Os bancos centrais em todo o mundo estão avaliando o equilíbrio entre o foco no combate à inflação, o que exigiria aumentos fortes e rápidos das taxas de juros, ou na prevenção de uma recessão, o que provavelmente significaria uma abordagem mais branda.
Para o BIS, os bancos centrais devem tentar minimizar uma desaceleração econômica, se possível, mas devem priorizar domar a inflação acima de qualquer outro objetivo.
Enviando o alerta para uma estagflação, assim como Ray Dalio, quando falou do impacto terrível que a inflação tem nos investimentos.
O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, também alertou os participantes de uma conferência de negócios que um “furacão” econômico estava em andamento.
“É melhor você se preparar”, disse Dimon a uma platéia de analistas e investidores.
“O JPMorgan está se preparando e seremos muito conservadores com nosso balanço.”